De repente perdera a tara
por aqueles magníficos conjuntos de cores
no estojo de giz de cera
aquele balde cheio, esbanjando paisagem.
De repente as gotas de orvalho eram chuva,
De repente bastava aquela miúda transparência
um lago quase invisível, lágrima de uma flor adormecida
Foi assim com a vida, foi assim com as cores,
foi assim que Lívia sublimou o século das Luzes
e enfrentando uma sombra guarnecida pelo medo
provou para o poeta que versa seu heroísmo;
D’outro lado das cores sombrias há luz e o belo
eu vejo nos olhos desta menina
o reflexo destes próprios versos
Não há mais cores donde são, todas as cores
nem tampouco a sombra é monocromática.
Queria carregar este fiapo d’orvalho no olhar
mas só me restam palavras
e o balde de giz de cera
com as cores que você transcendeu.
Escrevi mesmo era pra desenhar nosso sonho tão teu,
lírica, querida, linda, Dona Lívia Leite de Abreu.