Quando morre um poderoso,
nada de suas riquezas
carrega consigo
seu poder é dividido
entre famiglia, capangas e a classe,
rateia-se a porcaria,
a divisão do poder não é uma ação entre amigos
é cosa-nostra, dos amigos dos amigos,
as vezes morre um homem sobra um partido
as vezes morre Deus sobra uma religião
quando morre um poderoso,
nada de suas riquezas
carrega consigo
para os miseráveis que o sustentaram
deixa a herança de mais miséria
quando morre gente humilde,
capaz até de virar novela,
piquete ou canção,
mas eis uma do arco-da-velha
escrever cordel, com a única missão
da pena conjurar palavras
mais fortes que as poderosas armadas!
É mais lenta do que dolorosa
a tal mudança tal revolução
mas ela prossegue, engenhosa
imperceptivelmente irrefreável
prole da sua própria contradição.