Navalha de Lins
Navalha de Lins

Navalha de Lins

Navalha de Lins
——-por Gustavo Conte

Peço licença,
aos senhores & senhoras
pra versar de uma figura
de maior envergadura, agora!

Eis que o brilho desta navalha,
penso eu por um longo triz,
talvez mais poderosa armada,
que o próprio machado do Assis!

Em terra de cegos culposos,
pois vendados e vendidos
ao dolo dos poderosos;
Surdos à dor, amigos,
à dor de parto do germinar dos povos;

Há quem cale, abstraindo as sinas
no absinto entorpecido
do volver implacável dos dias;
da lusitana que gira,
do mundo que roda,
pero, quero agora passar a bola,
pro pai duma prosa quilombola,
prum Rei cuja pena quando grita,
desembainhada urra, solfeja, incita
Paz libertada, Justiceira,
ouvida seja sua lira!

por golpear palavras com tal destreza,
ao tecer a rua, tão cruamente quanto seja,
na vera amargura de sua maior beleza,
faz emergir a senzala, límpida
obscura e tão óbvia de cada esquina;

É pra amanhecer uma Lua linda,
e pro morro descer numa boa,
clamo um verso que diz:
— Paulo Lins!
Seu nome é Paulo Lins, PORRA!

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