Vai,
persiga teu cometa!
mas, Vai,
faça o máximo proveito
e não tenha medida
tenha sim estima
por aquilo que lhe é único
por tudo que guardas no coração
não é mensurável, o valor da vida
todo tempo que tens no mundo
mede-se pelo quando
há de se suspender o momento
cada batida do teu peito
vale por aquela mais forte
especial, e enorme!
Como todo ar que estás respirando
se justifica pelo encanto
de as vezes perder o fôlego um tanto.
Vai,
arrisca pela vitória de vez em quando
cultive o que tens de precioso
o quanto podes ser peculiar
o quanto deves honrar
este presente raro
qual deverás devolver
quando a jornada tiver terminado.
Mas não deves devolvê-lo intacto.
Tente consumí-lo até o talo,
Vai,
vai a ponto de conceber o novo
o novo que nasce dentro de si
que desde o parto já estava lá, preparado.
Faça o máximo proveito.
Não importa. Não importa chorar,
se embaraçar,
decepcionar,
sofrer. Não importa.
Ninguém disse que seria fácil!
Mas não devolva, ao adeus,
este presente intacto;
Já disse para ousar, ousar a vitória de fato.
Tens aí dentro algo único e precioso
esperando vidas para ser liberado
vidas de seus antepassados
vidas e vidas e vidas
que inda que vindas e tão lindas
ainda estão a espera do teu trato.
Vai,
não viva a vida apenas por inteira
ela não se resume aos ponteiros deglutidos
não só as páginas do teu livro
não só quantos passos deste no caminho
a vida não é uma distância percorrida
a fita-métrica do criador não é uma linha
ela é larga, rasa e profunda
e a vida, além de tudo, é muito curta
por isso seja. por isso faça.
Quero ter a coragem da minha infância
quando eu era criança
me apaixonei
eu me declarei com versos
mas não foram os versos,
nem a rejeição da menina,
que me fizeram ser poeta.
Foi a paixão e a coragem.
Foi o amor.
Foi por arriscar a coisa certa.
Quando perco essa coragem da minha infância,
eu envelheço. E um pouco, eu morro.
Vai,
vai com tudo, até mesmo errando
vai pra cima, até mesmo caindo
pois um dia, virá alegria
vai domar mais um cometa
depois outro e outro
e o resto
será só
felicidade. . .