Rumplestiltskin
Rumplestiltskin

Rumplestiltskin

São minhas mãos o único que tenho.

Cada madrugada que desperto
estou disposto a lembrar disso, meu nego.

Não queria desembainhar a pena
enquanto ela espada, apenas.
Não queria ser doente
tal febre alta, coração caliente;
Não queria ter a alma sã
E o resto tão delinqüente.

Não queria nem poder com as palavras
que me posto a clamar como mensageiro
não queria que a psiquê se prestasse
(talvez nem a carne, sequer a alvorada anseio)
São conchas, entornos, formas e conceitos
obstáculos para eu duende forasteiro;
a liberdade não está no ventre nem no seio
a liberdade está na esquina da entrelinha
ou no eco das paredes do terreiro.

Para mim quem vale é tua alma, leitora do meu cancioneiro. Para mim quem vale é teu espírito, receptor de meus eu-líricos.

Se minhas mãos são no fundo,
o único que tenho,
eu me consagro poeteiro,
bem humorado, meus queridos,
pero, sem rodeio, minhas amadas
desta espada desembainhada
que chamo da pena cá ‘presenteada
é chama destruidora pero sinfônica
é cria melhor que qualquer armada.

Hoje, se venci o medo, marcho em ciranda
ante meu próprio desespero.
Por detrás da Sombra mais escura
lá, despois do monolito preto
Há de haver uma luz que fulgura
Galopo, pois tenho nome de Guerreiro,
mas só venço quando meu trotar
é cavalheiro.

Digo mais, companheiro!
Pois um dia quero criar além da alvorada,
tecer palavra além do canto da passarada,
quem sabe isso faça no horizonte um turbilhão
morto, estarei vivo, eis a aurora de um fanfarrão.

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