Onde estamos?
Estamos no meio da rua
cercados pelas paredes nuas
mirados exclusivamente pela Lua
Se áspero, no escuro tateia
esta asfáltica textura crua
o satélite na fase cheia
acima dos prédios
acima dos muros
Onde estamos?
Estamos sentados num túmulo
encostados nesta lápide púrpura
incapazes de ler suas escrituras
semáforos norteiam um ritmo
como pistolas
armando-se cínicas
soam, operando cíclico
calibrando Ordem
calibrando Avenida
Onde estamos?
Estamos abraçados a um poste
semi-deitados, porém de pé
se enrolando tocando avoando
sentindo mesma doce agonia
amarga felicidade
quando o raiar do dia
pois a cidade
nunca esvazia.